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As lesões do manguito rotador são um frequente motivo de dor no ombro. Suas causas são multifatoriais, incluindo fatores extrínsecos tais como estresses repetitivos e sobrecarga esportiva e fatores intrínsecos tais como idade e pobre vascularização local. As manifestações clínicas variam amplamente. Alguns pacientes experimentam apenas moderado desconforto enquanto outros sofrem com dores crônicas e perda de função. Seus sintomas podem resultar em fraqueza, alterações cinemáticas glenoumerais e instabilidade articular em algumas circunstâncias. É uma condição extremamente comum, afetando entre 6,8% e 22,4% da população com mais de 40 anos. A prevalência, o tamanho, a probabilidade de progressão e as taxas de re-ruptura após o reparo cirúrgico estão todos relacionados ao aumento da idade. Enquanto a população com idade superior a 50 anos é mais comumente acometida e tende a apresentar lesões maiores em decorrência da degeneração tendinosa, a população jovem tem lesões predominantemente de etiologia traumática. Com relação à cicatrização, pacientes mais jovens tendem a evoluir de forma mais satisfatória. Os dados mencionados sugerem que as roturas assintomáticas do manguito rotador são um processo relacionado ao envelhecimento e, desta forma, a descrição destas como “lesão” pode ser imprecisa. Além da idade, outras variáveis não modificáveis relacionadas à presença e progressão das lesões do manguito rotador incluem sexo masculino, história familiar e dominância da mão. Tabagismo e certos estados de doença (diabetes, hipertensão, distúrbios lipídicos séricos) são influências potencialmente modificáveis. Como menos de 95% das pessoas com esta condição chegam à cirurgia, a maioria das lesões do manguito rotador é assintomática ou levemente sintomática. Além disso, a relação entre os sintomas e a presença de uma ruptura do manguito rotador e a sua progressão não são robustas. Aproximadamente metade das lesões existentes do manguito rotador progridem com o tempo. Aqueles que progridem mais rapidamente são mais propensos a ter sintomas, pois a capacidade de compensação através da hipertrofia de outros músculos (como o redondo menor) e outros mecanismos adaptativos é excedida. Tanto a cirurgia quanto os tratamentos conservadores são eficazes no tratamento dos sintomas em pacientes com doença do manguito rotador, mas até o momento não se sabe qual tratamento é melhor para quais pacientes. Embora alguns autores recomendem o reparo para pacientes mais jovens com rupturas menores, faltam dados sobre se essa abordagem pode modificar a história natural da doença. Enquanto o reparo artroscópico bem sucedido do manguito rotador requer meticulosa técnica cirúrgica, também aparenta ser igualmente importante uma reabilitação individualizada e supervisionada por bons fisioterapeutas. O tempo necessário para a recuperação funcional e resultado pós-operatório estão relacionados a vários fatores, incluindo idade, tamanho da lesão, qualidade do tecido suturado, a técnica cirúrgica empregada, a dedicação do paciente ao programa de reabilitação, assim como a idade superior a 65 anos, expectativas individuais, fraqueza muscular pré-operatória e mobilidade articular prévia. Em uma futura postagem, iremos detalhar o processo de reabilitação pós-cirúrgica. Acompanhe-nos e mande suas dúvidas através de nosso e-mail e redes sociais!
● Referências:
1. Van Der Meijden, OA, et al. Rehabilitation after arthroscopic rotator cuff repair: Current concepts review and evidence-based guidelines. The International Journal of Sports Physical Therapy. v. 7, n. 2, 2012.
2. Grant, HJ, et al. Evaluation of Interventions for Rotator Cuff Pathology: A Systematic Review. Journal of Hand Therapy. v. 17, p. 274-299, 2004.
3. Kuhn, JE. Prevalence, Natural History, and Nonoperative Treatment of Rotator Cuff Disease. Operative Techniques in Sports Medicine, v. 31, n. 1, 2023.
4. Miyazaki, AN, et al. Avaliação dos resultados do reparo artroscópico de lesões do manguito rotador em pacientes com até 50 anos de idade. Revista Brasileira de Ortopedia. v. 46, n. 3, 2011.
5. Manaka, T, et al. Functional Recovery Period after Arthroscopic Rotator Cuff Repair: Is it Predictable Before Surgery? Clin Orthop Relat Res. v. 469, n. 6, 2011.
6. Cohen, BS, et al. Rehabilitation of the shoulder after rotator-cuff repair. Operative Techniques in Orthopaedics. v. 12, n. 3, 2002.
7. Almeida, A, et al. Análise comparativa do resultado da sutura artroscópica da lesão do manguito rotador em pacientes fumantes e não fumantes. Revista Brasileira de Ortopedia. v. 46, n. 2, 2011.
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