Como já mencionado em texto anterior aqui no Blog, o componente chave do cuidado centrado no indivíduo é o estabelecimento de uma boa relação entre o profissional da área da saúde e o paciente. Assim, confiança, empatia e respeito mútuo são fundamentais. Em uma boa comunicação, haverá troca de informações que nortearão o planejamento, a execução e a avaliação do cuidado. Feita esta introdução, a educação do paciente trata-se, então, de torná-lo peça ativa de seu tratamento. E isso pode ocorrer por várias formas: pela compreensão de riscos e benefícios, pela noção de corresponsabilidade pelos resultados, pela adesão ao tratamento, pelo alinhamento entre expectativa e realidade, pela opção individual por um raciocínio terapêutico que faz sentido para si, dentre outros. Os profissionais da área da saúde, então, devem utilizar a educação do paciente de forma que esta descreva o curso natural da doença; que promova a modificação da atividade em respeito ao tecido em cicatrização ou ao reparo cirúrgico que ainda necessite de uma redução de estresse físico local; que combine a intensidade adequada de estímulo com o nível atual de irritabilidade tecidual real ou potencial ou ainda, por fim, que esclareça a multidimensionalidade e multifatoriedade da dor. Neste último, caso o profissional detecte que existam fatores psicossociais relevantes indicando uma dor de origem minoritariamente estrutural, haverá a possibilidade do referenciamento a outros agentes da saúde e um direcionamento a abordagem de exposição gradual com estratégias de enfrentamento da dor e da condição restritiva através de movimentos/exercícios dentro de um nível de conforto, porém, sem receio de que estes possam estar sendo lesivos ou inconvenientes para um determinado momento da reabilitação. Para tanto, além de um diálogo franco e aberto durante a avaliação e ao longo do tratamento, uma das tendências é a de promover ações educativas tanto para pacientes quanto familiares através de palestras educativas, banners, campanhas, manual educativo, folders, cartilhas, oficinas, jogos, livros, blogs, boletins e vídeos informativos. Independente da preferência pessoal ou do serviço em que o profissional esteja inserido, é importante compreender que a educação não é uma entrega simples, em um ato isolado. Esta, porém, se relaciona mais com um processo, em que se estabelece aos poucos em cada nova oportunidade. Saber fazê-la com graça e leveza é algo conquistado pela experiência, passa necessariamente pela capacidade da visão de alteridade, necessita de empatia e, de certo, não transforma apenas quem a recebe.
Referências:
Santos, SO, et al. Educação do paciente: O caminho inverso para a sua segurança. Rev. Baiana Saúde Pública; v. 40, suppl. 1, 2017.
Kelley, MJ, et al. Shoulder Pain and Mobility Deficits: Adhesive Capsulitis. J Orthop Sports Phys Ther. v. 43, n. 5, p. A1-A31, 2013.
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